sexta-feira, 17 de março de 2017

Carta De Um Ansioso

  Ainda sobre ansiedade:
  A minha culpa aparecerá logo no início.
  Eu vou me culpar quando você estiver preocupado porque as crises estão me fazendo estar há uma semana sem comer direito.
  Quando precisar sofrer sozinha por medo de te fazer sofrer também.
  Me sentirei mal quando me questionar porque suas atitudes e palavras nunca parecem suficientes para me convencer de seus sentimentos e acredite, estarei me fazendo a mesma pergunta.
  Já me desculpo por todos os convites que recusarei de sair no domingo à tarde, porque passei mais uma noite em claro e isso me deixa indisposta. Também pelos comentários que ouvirá dos que estão à sua volta, sobre o fato de eu não saber ser sorridente, nem dar continuidade aos assuntos, sobre eu nem ao menos tentar, quando na verdade, ter ido até lá já foi uma tentativa.
  É difícil abrir a boca e ser uma pessoa legal, quando tenho medo.
  Deixo avisado que muitas vezes não saberei o que dizer quando me contar sobre seu dia difícil, saiba que meu olhar vazio e a cara de apatia não significam que não me importo, é apenas que algo me dirá que talvez haja alguém melhor que eu por aí te esperando.
  Me perdoe pelas vezes em que precisar de compreensão e a única coisa que saberei fazer é cobra-lo mais. Juro que todas as noites antes de mais uma tentativa frustrada de dormir, tenho me prometido que o dia seguinte será diferente.
  Sei que são esgotadoras as brigas constantes por coisas pequenas que eu transformo em um fim de mundo.
  Você se cansará mas eu já estarei cansada há tempos, de tantas vezes sentir que cheguei ao meu limite, de não me reconhecer ao me olhar no espelho depois de há algumas semanas fazer a insônia de companheira e sentir o estômago embrulhar só em sentir qualquer cheiro de comida. Tudo bem você pensar que enlouqueci, por várias vezes duvido de mim, quando perco a noção entre paranóia e realidade, é onde me questiono sobre a importância (ou falta dela) da minha existência.
  É quando perco o controle e me entrego à vícios, que me pergunto em que momento vim parar aqui.
  Sobre os amigos que afastei, sobre o que minha mãe sentiu quando sem saber o porquê, teve que levantar às pressas de madrugada pra conter minha crise de choro. Sobre todas as desculpas mal pensadas que dei quando não tive coragem de dizer que sair àquele horário me desencadearia uma crise de pânico, também sobre precisar ligar pra alguém me encontrar, por ter decidido me arriscar e agora estar paralisada em algum lugar, tomada por um medo irracional.
  Sobre tudo, me desculpe.

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